sábado, 6 de outubro de 2012

Capítulo 1 - Aberta a temporada de má sorte

Notas iniciais: Há exatamente um ano, o sonho começava! Para quem me acompanhou ao longo desse um ano, o meu MUITO obrigado! Se eu consegui escrever essa história foi porque vocês aceitaram ler comigo.
Então meninas, essa daqui é para vocês!

Aproveitem!

***
- Booooooooooom diiiiiiiiiiiiiia casal meteórico – Ouvi a Rafa dizer muito animada enquanto entrava pela porta do nosso quarto esbanjando disposição e felicidade. Aquela era a Rafaela Prado, sempre um poço de otimismo e boas energias.

Tentei abrir os olhos, sem sucesso. Eu estava completamente exausta e sem nenhuma vontade de levantar da cama. Nesses casos, a solução mais prática era colocar o travesseiro sobre a minha cabeça e fingir que nada estava acontecendo. E foi exatamente o que eu fiz. Ao meu lado eu pude sentir que o Luan havia feito a mesma coisa. Isso era o que eu chamava de casal unido!

- Ah, nem me venham tentar me enrolar. Dona Anita Tunice, a senhorita sabe que você tem um voo para Los Angeles marcado para hoje às 10 horas da manhã. Vamos gata garota, você sabe que sempre tem que chegar antes no aeroporto para atender os fãs – A Rafa disse. Pela sua voz eu imaginava que ela estava parada na porta do quarto.  – Energia, energia, energia meus amados!
Fala sério, como alguém conseguiria ter “energia, energia, energia” às 6h da manhã de uma segunda-feira? Só a Rafa mesmo!

- Mais quinze minutos, vai... – Tentei negociar, ainda com o travesseiro tampando o meu rosto.

- Mais quinze minutos, Any. Nem um minuto a mais, hein? Vocês dois são os campeões em me enrolar! –

Ela tentou se fazer de brava, mas eu sabia que aquilo era só tipo. A minha empresária era a melhor pessoa nesse mundo em conseguir alguns “minutinhos” extras para mim e para o Luan.

- Estou descendo para checar se a Monique já saiu do hotel. Volto daqui a pouco... Sejam “bonzinhos” e não deixem uma grávida esperando, hein? – Ouvi a Rafa dizer enquanto ia se afastando da porta. Assim que me certifiquei que os seus passos já estavam longe o suficiente eu tirei o travesseiro do meu rosto e me virei em direção ao Luan.

- Eu não quero ir... Quero ficar com você! Você mal chegou e eu já tenho que sair – Falei fazendo “draminha”.

- Também não quero que você vá, nega. Não quero ficar esse “tempão” todo longe “docê” – O Luan falou com a voz sonolenta empurrando o seu travesseiro de qualquer jeito para o lado deixando eu ver o seu rosto.

- Oh paixão, não fala assim que eu já fico morrendo de saudades – Falei enquanto aproximava o meu corpo do dele. Em menos de um minuto nós já estávamos abraçados.

Eu conseguia contar nos dedos quantas horas faziam que nós estávamos juntos. O Luan tinha feito um show perto de Londrina e voltou para casa de madrugada só para se despedir de mim antes da minha viagem para Los Angeles. Eu iria passar dois meses fora. Seria uma viagem a trabalho. Trabalho esse que, se desse certo, seria o melhor de toda a minha carreira. Eu iria grava um filme junto com o Robert Pattison, um dos galãs mais badalados em Hollywood no momento.

O convite para esse papel surgiu logo após eu me mudar para “A Toca”, a casa que o Luan havia comprado para mim em Londrina. Eu lembro que na época nós ficamos super felizes com a novidade e que ele me deu a maior força para viajar, mesmo morrendo de ciúmes do Robert. Esse era o ponto negativo do seu namorado-barra-praticamente-marido ter lido o seu diário: Ele sabia que a minha opinião sobre o senhor Pattison envolvia achá-lo um cara muito gato e muito gostoso, além de um ator talentoso. Isso não era algo que contava muito a meu favor. Principalmente quando você vai fazer o papel da “stripper” pela qual a personagem do Robert se apaixona no filme...

Mas, depois de muita conversa e de muito “jeitinho”, eu consegui convencê-lo que eu era muito mais Luan. Difícil mesmo estava era superar os nossos problemas com os nossos horários que insistiam em não bater e com todos os compromissos que nós tínhamos que cumprir.

Assim como eu previ quando começamos a morar juntos e oficializamos a nossa relação para o status de “Enrolados”, nós não tivemos um minuto sequer de paz. Sem contar os nossos compromissos que já estavam previstos no nosso cronograma de trabalho, como a gravação do novo CD do Luan e do filme do André e da Ana Júlia que eu havia gravado há um tempo atrás, nós recebemos inúmeros convites para festas, eventos e todos os tipos de chatices e afins que para manter a pose nós tínhamos que comparecer. Nós viramos o “Casal Meteórico” do momento. E a nova moda dos colunistas de fofoca das revistas e sites era me criticar por não ter aceitado me casar com o Luan além de apostar quanto tempo o nosso namoro-barra-quase-casameno iria durar.

Fala sério, é incrível como as pessoas adoram dizer que casamento de gente famosa dura pouco!

Em meio a correria para dar conta de todo o trabalho e do assédio dos fãs, de vez em quando eu o Luan conseguíamos dar uma “fugidinha” para ficarmos juntos. A Rafa sempre conseguia combinar com o Marcão, empresário do Luan, ou com a Dag, uma brecha nas nossas agendas para a gente ficar junto.

Mas, de uns tempos para cá, tudo estava dando errado. A Rafa estava tendo problemas com a sua gravidez e andava muito nervosa e ansiosa por causa disso. A Monique, a moça que ela contratou para ajudá-la a tomar conta da minha carreira e do Murilo, até tentava dar conta de tudo, mas ela era muito atrapalhada e fazia tudo errado. Para ajudar, fazia um tempo que várias informações falsas vinham sendo veiculadas na mídia. Notícias sobre a carreira e a vida pessoal do Murilo e da Rafa, dos novos projetos que o André e a Ana Júlia mal tinham oficializado e, principalmente, sobre o meu relacionamento com o Luan. Embora no final tudo sempre ficasse bem, era um pouco chato sempre ter que ficar desmentindo para as fãs essas notícias falsas. Isso acabava desgastando um pouco a mim e ao Luan.

Com tudo isso acontecendo, eu começava a acreditar que o André estava certo quando ele falou da maldição do pedido de casamento. Já fazia uns dois meses que eu tinha gravado um filme que ele era o diretor e a Ana Júlia era a produtora. Eu me lembrava que foi justamente naquela época que tudo começou a dar errado. E como se fosse hoje, eu me recordava do André me contando sobre a tal maldição:

- Anita Maria, se prepara mulher, porque tudo isso está só CO-ME-ÇAN-DO! Depois do que você fez, não tem jeito não, minha filha! Serão SE-TE anos de azar pela frente! Ouviu bem? Nem cinco, nem seis! São SE-TE anos! – Ele falou durante um dos intervalos de gravação enquanto ajeitava a echarpe vermelha que estava usando por cima de uma camiseta branca.

 - Sete anos de azar? Que história é essa, André? Eu nem quebrei espelho, nem nada... – Retruquei, sem entender “patavinas” do que o meu diretor estava dizendo.

- Santo Deus, que menina mais perdida do mundo! Anita Maria, alôôô.... Bora se conectar, minha filha?! Todo mundo sabe que quando se nega um pedido de casamento legítimo você é punido com sete anos de MUI-TA zica na sua vida! E minha querida, você não só negou o pedido, como praticamente cuspiu e pisou em cima, né? Coitado do meu... Ops! Digo, do nosso nego-divo! Todo A-PAI-XO-NA-DO, LIN-DO e RO-MÂN-TI-CO se declarando e você dando um passa fora nele... – Fiquei com medo do André nessa hora. Ele mexia as mãos nervoso e me olhava com uma expressão furiosa no rosto. Deu para perceber que ele não tinha aprovado a minha escolha de dizer não ao Luan.

Na época eu não dei importância para aquela supertição boba do André, mas agora eu começava a considerar que ele poderia estar certo. E se fosse isso mesmo? E se eu estivesse condenada a ter sete anos de azar por causa da minha recusa ao pedido do Lú?

- Ní? Oh amore, tá com a cabeça onde, muié? – O Luan me trouxe de volta ao presente me puxando para mais perto dele e colocando o seu corpo por cima do meu. Ele estava sem camisa e eu conseguia ver os seus braços apoiados na cama, um de cada lado do meu tronco, me prendendo junto dele. Precisei respirar fundo. Às vezes era difícil acreditar que tudo aquilo de homem dormia na mesma cama que eu...

- Vixi, fui muito longe agora, paixão... – Falei sem muita vontade de dar explicações.

- Vai pra longe não, meu amorzinho. Fica aqui comigo, vai... – Ele disse antes de me beijar suavemente nos lábios. Eu tentei me controlar, mas não tinha jeito. Eu e o Luan juntos não dava certo. O que era para ser um simples beijo virou um tremendo amasso.

- Já se passaram quinze minutos, Anita! Quero você aqui embaixo agora, ou você vai viajar sem tomar café da manhã – Ouvi a Rafa gritar do topo da escada que levava ao andar superior onde ficava o nosso quarto.

- Desde quando a Rafa é empata-love? – Bufei de raiva. A minha empresária tinha cortado todo o clima que estava rolando.

- Paciência, “Paxão”. Ela “tá” mais sensível por causa da gravidez. A gente tem que entender – Luan e sua eterna mania de nunca reclamar de nada. Eu o admirava por causa disso.

- Tá certo, tá certo... Você tem razão! Mas então vamos descer, vai? Detesto comida de avião e não quero ficar com fome até chegar em Los Angeles – Resmunguei me levantando da cama e calçando os meus chinelos.

O Luan veio atrás de mim e descemos juntos para tomar o nosso café. Ele estava morrendo de sono, afinal tinha chegado de madrugada, mas mesmo assim ficou comigo até a hora que eu saí para ir para o aeroporto.

- “Cê” promete que vai me ligar assim que chegar no hotel? – Ele me pediu enquanto me abraçava muito forte. Nós estávamos parados perto da porta da frente da nossa casa, local que já havia presenciado várias despedidas nossas. Uma mais dolorida que a outra. Só agora eu entendia o porquê eu não gostava daquela parte da “Toca”.

- Prometo – Respondi me soltando dos seus braços para depositar um selinho rápido nos seus lábios.

- Te amo demais, Ní. Não demora pra voltar não, tá “paxão”? – Ele me pediu olhando bem fundo nos olhos. Quase desisti de tudo ao vê-lo me fitar daquele modo.

- Quando você menos esperar eu estarei de volta, você vai ver só! Lembra que a gente não precisa tá colado pra tá junto, tá? Também te amo demais, meu guri! – Falei antes de beijá-lo nos lábios delicadamente.

- Ela vai voltar, Luan! Fica tranquilo. Nem eu, nem o baby que está aqui na minha barriga aguentaríamos ficar sem a nossa gata-garota! – A Rafa nos interrompeu, meio sem jeito – Mas agora a gente precisa ir. Vou acompanhá-las até o aeroporto e depois vou ficar aqui com você Lú, morrendo de saudades da Any.

- Gente, calma! São só dois meses. Vai passar voando, vocês vão ver só... – Tentei animá-los sem muito sucesso. Nem eu acreditava muito naquelas minhas palavras.

- É isso aí, vai passar voando. E agora vamos, senão é você que vai acabar não voando para Los Angeles hoje! Bora menina, que a Monique está nos esperando no táxi lá fora. Eu já coloquei a sua bagagem no carro! Vamos – A Rafa praticamente me empurrou para fora e eu nem tive tempo de dar um último beijo no Luan. Mesmo grávida aquela menina continuava com um pique que era difícil de acompanhar.

Seguimos de táxi até o aeroporto em silêncio. Um motorista que eu não conhecia nos levava enquanto a Rafa lia seus e-mails pelo Iphone no banco da frente. Ao meu lado estava a Monique, checando de cinco em cinco minutos o celular. Com certeza estava vendo se o seu ex-namorado, o meu amigo Neymar, havia mandado mensagem. Os dois tinham terminado recentemente depois de um relacionamento rápido. Ela fez um “baita” escândalo que saiu em todos os sites de fofocas do Brasil e até do exterior. Claro que o craque não gostou nada daquilo.Ela estava desesperada implorando para os dois voltarem já fazia umas duas semanas sem conseguir nenhum sucesso. Eu poderia apostar que eu não era a única pessoa infeliz com aquela viagem... Com certeza a Monique também escolheria ficar no Brasil se pudesse.

Chegamos ao aeroporto de Londrina, onde eu embarcaria no meu jato particular recém-comprado, o Black Jack, com destino a São Paulo. Só na capital paulista eu pegaria o avião que seguiria para Los Angeles. Embora fosse cedo, algumas fãs já estavam de prontidão me esperando para se despedirem e desejarem boa sorte. Eu sempre ficava emocionada com a demonstração de carinho que eu recebia das “Anitetes”. Eu não era exatamente o tipo de celebridade “certinha” e que fazia de tudo para agradar o público. Mesmo com todas as minhas loucuras e com o meu jeito “despachado” elas ficavam ao meu lado sempre. E ainda tinham as fãs do Luan. Algumas levaram a sério a coisa de apoiar o casal Luanita e passaram a me acompanhar e a me incentivar no que quer que fosse.

Conversei e tirei foto com as fãs, embarcamos toda a minha bagagem, que não era pouca, e ficamos esperando a liberação da pista para decolarmos. Enquanto a Monique ficou do lado de fora do Black Jack fazendo alguns telefonemas, que eu apostava que eram todos para o Neymar, eu e a Rafa nos acomodamos nas poltronas do meu jatinho para conversamos um pouco.

- E aí, como estão as coisas com o Murilo? Você já tomou coragem de contar para ele sobre o estado da sua gravidez? – Perguntei enquanto inclinava um pouco o banco para trás para ficar em uma posição mais confortável.

A minha empresária já estava no seu sexto mês de gestação e a situação andava um pouco complicada. Ela estava encarando alguns problemas para “segurar” o bebê no útero e corria o risco dele nascer prematuro, o que poderia não ser uma coisa muito boa. Como o seu marido, o Murilo, estava em uma fase muito boa na sua carreira interpretando o protagonista da novela das 9 que estava no ar, a Rafa não quis preocupá-lo com essa situação. Por isso ela se mudou para a minha casa, em Londrina, com a desculpa que precisava ficar de olho em mim e desde então estava fazendo o possível para manter a gravidez fora de risco. Claro, com todo esse lance de “maldição de casamento” rolando, o André aproveitou para dizer que isso era culpa minha também.

Fala sério, eu não era a Nina mas levava a culpa de tudo o que acontecia de errado...

- Não, eu ainda não contei... Não tive coragem, gata garota. Ele está arrebentando na novela, não quero preocupá-lo. E eu tenho esperança de que tudo vai ficar bem logo! – Ela me disse com uma expressão confiante enquanto acariciava a sua barriga que já estava bem “grandinha”.

- Tomara mesmo... – Falei, mais desanimada do que eu queria aparentar.

- Ih, com esse ânimo todo fica difícil acreditar em você! O que está acontecendo, Any? – Eu nunca conseguia enganar a Rafa. Ela sempre sabia quando tinha algo errado comigo.

- Eu sinto a sua falta – Confessei. Desde que ela engravidou e as complicações com o bebê começaram, a Rafa ficou cada vez mais distante da minha carreira. Ela fazia o maior esforço para acompanhar tudo de perto, mas havia dias que sair da cama era algo extremamente doloroso para ela. Hoje mesmo, para me levar até o aeroporto, com certeza a Rafinha estava indo além dos seus limites. Eu e a Rafa éramos muito ligadas. Além disso, eu não confiava na Monique, e a minha empresária sabia disso.

- Você não se acostumou com a Moni, né? – A Rafa comentou como se lesse os meus pensamentos.

- Ela quer se aparecer mais do que eu. No último evento que a gente foi ela ficou respondendo as perguntas dos repórteres sobre o término do namoro dela com o Neymar e nem me deu atenção... Eu tive que me virar sozinha – Reclamei fechando a cara.

- O Murilo também comentou a mesma coisa. A última vez que ela foi para o Rio acompanhá-lo em uma entrevista o jornalista praticamente deixou o “Bebê” de lado para saber sobre o namoro da Moni. O Murilo achou ótimo! Ele estava sem paciência para entrevistas aquele dia – A Rafa se divertiu ao me contar a última que a Monique tinha aprontado com o seu marido.

- Ela é paga ser a nossa secretária, não para roubar as nossas entrevistas – Retruquei, azeda. Eu não era lá muito amiga de jornalistas, mas também não gostava de gente que fazia de tudo para se aparecer. E esse era o caso da Monique.

- Fica calma, falta pouco! Já, já ela vai embora e vai tudo voltar como era antes. Só eu e você, como sempre foi – Ela sorriu para mim. Era incrível como a Rafa havia ficado ainda mais linda grávida. Seus traços estavam suaves, os seus olhos brilhavam mais. Havia uma áurea diferente em torno dela, algo que trazia paz. Algo que só as mães tinham.

- Mal vejo a hora! Só de pensar que terei que passar dois meses ao lado dessa “QueroSerFamosa.com.br” da Monique eu já sinto vontade de chorar – Fiz bico e cruzei os braços como uma criança mimada. Eu não queria que ela fosse comigo, mas a Rafa disse que era necessário. No fundo eu sabia que realmente era. Eu não era muito boa com em cumprir horários e precisava de alguém para me ajudar a manter a minha agenda de compromissos em dia.

- Any, nós já conversamos sobre isso, gata garota! Vai passar voando... Quando você menos imaginar você estará de volta em casa... AI, o bebê chutou – Ela gritou no meio da frase toda empolgada – Viu só? Até ele concorda comigo – Ela riu da própria piadinha sem graça.

- Sério que ele chutou? Ai, será que eu consigo sentir? – Falei, animada, colocando a mão gentilmente sobre a sua barriga – Já sabe se é menina ou menino?

- Ainda não! Esse danadinho desse bebê está sentado de pernas cruzadas! Acho que só vou descobrir quando ele nascer mesmo – Ela respondeu toda boba olhando para a sua barriga como se pudesse ver o que estava lá dentro.

- Eu aposto que é um menino – A Monique entrou no avião se metendo na nossa conversa. Não pude evitar fechar a cara para ela.

- Eu não tenho preferência! Pode vir o que for, o que importa é que tenha saúde. E que venha no tempo certo – A Rafa tentou manter o tom animado, mas eu percebi que ela vacilou ao falar a última frase. Todos nós estávamos muito preocupados com aquela situação.

- Vai dar tudo certo, Rafa! Tenho certeza disso – Apertei a sua mão bem forte e ela retribuiu sorrindo.

- Meninas, o piloto disse que o tempo melhorou e que já podemos decolar. Em cinco minutos vamos levantar voo. Any, por favor, já fique no seu lugar – A Monique nos avisou, finalmente cumprindo a sua função como secretária. De vez quando ela até que fazia algo de útil.

Sorri sozinha do meu veneno com a Monique “QueroSerFamosa.com.br”. Mas era inevitável, o meu santo não batia com o dela, não tinha jeito!

- Bom gatas garotas, é hora de voltar para casa! Moni, assuma o comando daqui em diante e tome conta da Any, hein? Estou deixando um dos meus tesouros em suas mãos, menina – A Rafa disse enquanto levantava-se da poltrona. Na sequência ela deu um forte abraço na minha secretária como despedida.

- E você, dona Anita, juízo! Se cuida minha gata garota meteórica! Arrasa nas filmagens, capricha em todas as entrevistas, e nada de ficar andando desleixada por Los Angeles! Coloquei umas roupas muito maneiras na sua mala – Ela veio até mim e depositou um beijo carinhoso no rosto antes de me dar um abraço tão forte e tão sincero que quase me fez chorar – E cuidado com as maldições – Ela sussurrou no meu ouvido antes de me soltar.

- Façam uma boa viagem e mandem notícias. Estarei online sempre que precisarem – Ela disse balançando o seu Iphone, o novo brinquedinho que a mantinha 24 horas conectada.

- Se cuida, Rafinha! E cuida do nosso bebê – Falei, já morrendo de saudades da minha melhor amiga.

- Se cuida Rafa. E fique tranquila, vou manter a Anita nos eixos – A Monique emendou.

Manter a Anita nos eixos? Fala sério, quem ela achava que era?

Ao ouvir essa frase a Rafa apenas olhou para mim e não disse nada. Tenho certeza que se pudesse falar alguma coisa ela diria “São só dois meses, Anita”. Minha empresária deixou o avião, o piloto assumiu o seu lugar, nós apertamos os cintos e em minutos já estávamos voando em direção a São Paulo.
Eu detestava voar. Eu sempre me sentia muito mal, com enjoos intermináveis. Aquele seria só o início de torturantes horas de estômago revirado cruzando os céus até chegar ao outro continente.

***
Depois de longas horas dentro do avião, eu finalmente me senti grata por pisar em terra firme.

- Los Angeles, baby! – Consegui dizer, sem muito ânimo.

Eu e a Monique, que estava se esforçando para me agradar (sem conseguir nenhum sucesso), pegamos um táxi no aeroporto e alguns minutos depois estávamos no hotel que ficaríamos hospedadas pelos próximos meses. Graças ao bom Deus nós ficaríamos em quartos separados.

Corri tomar um banho e trocar de roupa. Fazia calor na cidade e fiquei muito grata pelas dezenas de shorts jeans que a Rafa tinha colocado na minha mala. Eles seriam muito úteis. Na sequência comecei a caçar o carregador do meu celular que estava sem bateria... Droga! Eu havia conseguido esquecer, de novo, o carregador! Sempre que viajava para Los Angeles eu me esquecia desse detalhe. Novamente, como da vez que fui gravar uma série naquela mesma cidade, eu não conseguiria falar com o Luan por não ter bateria no meu celular.

Mais do que rápido, eu liguei para a Monique do telefone do quarto.

- Monique, preciso do celular do Luan. Você pode me passar? – Disse depois que ela atendeu a ligação. Eu nunca conseguia decorar o número do meu namora-barra-quase-marido. As fãs sempre conseguiam descobrir o celular dele e ele acabava tendo que trocar de chip quase todos os meses. O mesmo acontecia comigo, mas com uma frequência um pouco menor.

- Any, eu até posso te passar, mas por motivo de privacidade o seu telefone não faz e não recebe chamadas externas. Tomamos essa medida para te poupar de receber ligações indesejadas – Ouvi a Monique explicar. Fiquei sem entender nada. A Rafa nunca tinha feito aquilo.

- Hãã... Eu não gostei disso, Monique. Pode liberar as ligações para o meu quarto, ok? E agora me passa o telefone do Lú – Falei impaciente. Eu não queria ser grossa, mas aquela menina conseguia me irritar.

- Tudo bem Anita, vou providenciar a liberação do telefone. Enquanto a linha está bloqueada, eu vou tentar localizar o Luan com o meu celular. Quando ele atender eu levo o aparelho até o seu quarto, pode ser? – Ela disse tentando ser prestativa. Se ela ficou chateada com a minha grosseria não me disse nada. Achei melhor assim. Eu não queria ter que me desculpar com ela.

- Hum... Pode – Concordei. Eu precisava controlar aquele meu temperamento senão nós duas não aguentaríamos ficar dois meses juntas naquela cidade.

- Ok. Só mais uma coisa Any: O pessoal da produção do filme está querendo organizar uma espécie de encontro de boas-vindas para todo mundo do elenco. Vai ser uma reunião aqui no hotel mesmo... Algo bem informal. Você quer participar?

- Acho uma boa – Falei. Eu não era muito de ir a festas, mas era melhor eu me enturmar com o pessoal logo e achar alguém para me fazer companhia, além da Monique.

- Ótimo! Esteja pronta às 20h. A gente se encontra na frente da porta do salão de eventos do hotel – Ela disse antes de desligar e me deixar com cara de “tacho” do outro lado da linha.

Fala sério! Se fosse a Rafa ela já estaria aqui no meu quarto me ajudando a escolher a minha roupa. Aquela viagem seria muito, mas muito longa... Eu já conseguia sentir!

***

- Chega! Eu não vou sair... Não tenho roupa – Resmunguei para mim mesma antes de me jogar na cama. O meu quarto estava pior que bar em fim de balada. Todas as peças da minha mala estavam jogadas de qualquer jeito pelo espaço. Eu tinha tentado escolher uma roupa descente para aparecer na “reuniãozinha de elenco”, mas eu precisava admitir:Sem a Rafa eu era uma pessoa completamente perdida no mundo da moda.

A única solução que encontrei foi repetir o último visual que usei em um evento informal que participei no Brasil: Vestido básico e descolado, maquiagem estilosa, cabelo bagunçado e o meu clássico All Star. Aquele era o único look que eu sabia produzir sozinha.

Fiquei tão distraída tentando me arrumar que nem vi a hora passar. Quando me dei conta, a Monique “QueroSerFamosa.com.br” já estava batendo na porta do meu quarto me apressando.

- Já estou indo, já estou indo – Gritei, correndo para pegar a minha bolsa que estava perdida no meio da bagunça de roupas e indo abrir a porta.

Quase caí para trás ao ver a Monique. Els estava usando um vestido preto mais justo que o próprio Deus, um sapato de salto que era um luxo e estava com uma maquiagem e um cabelo impecáveis. Se alguém nos visse naquele momento, pensaria que a celebridade era ela e que eu não passava uma mera figurante no filme.

Fechei a cara para ela. Eu não gostava dessa mania que a Monique tinha de querer aparecer mais do que eu. Sei que isso era egoísmo e “criancisse”, mas e daí? Eu trabalhei duro para ter os meus fãs e conquistar a minha fama. Ela que fosse correr atrás do sucesso dela ao invés de ficar querendo se aproveitar do meu.

Descemos em silêncio de elevador até o salão de eventos do hotel que foi fechado apenas para o pessoal que estava participando do filme. A missão da noite era arrumar um amigo para não precisar ficar perto da Monique.

Mal entrei no salão e já dei uma trombada com alguém. Eu já estava pronta para xingar aquela pessoa completamente sem noção quando ela me segurou pelo ombro e me olhou com um olhar de cortar o coração.

- Desculpe! Não queria te machucar – Ele me disse com o sotaque inglês mais perfeito do mundo.
Fala sério! Eu nunca ia me acostumar com a beleza do Robert Pattison. Mesmo depois de fazer o teste para o filme com ele, era impossível não perder o fôlego ao vê-lo frente a frente.

- Oi Rob! Tem problema, não! Tudo bem com você? – Pela cara dele era claro que não estava tudo bem, mas eu não achei outra maneira de puxar assunto.

- Tudo indo, Any... – Ele me respondeu completamente sem ânimo.

- Aconteceu alguma coisa? – Fiquei preocupada. Ele parecia realmente muito abalado.

- A Kristen... Você não ficou sabendo? – Foi aí que a minha ficha caiu. A namorada do Robert, que participava da saga Crepúsculo com ele, havia o traído. O fato foi notícia no mundo inteiro. Que falta de sensibilidade minha não me lembrar disso!

- Nossa Rob, que horror tudo isso, né? Vem cá, me conta menino! Como você está? – Nós dois nos sentamos em uma mesa ali perto, pedimos algo para beber e o Rob logo começou a chorar as “pitangas”. Eu, ótima amiga que sou, fiquei ali ao seu lado, tentando consolá-lo e melhorar o seu astral.

Passamos a festa inteira conversando, e no final da noite, o Rob parecia mais animado. Ele até brincou com o resto do pessoal da produção...

- Rob, vou subir. Esse fuso- horário acaba com a gente! Preciso descansar um pouco... Até amanhã! E vê se não perde a hora para o ensaio, hein? – Brinquei antes de me despedir dele e da outras pessoas presentes na pequena reunião. Todos já estavam muito animados e algo me dizia que ninguém ia conseguir acordar no horário no dia seguinte.

Procurei a Monique pelo salão e não a encontrei. Com certeza ela deveria estar correndo atrás de alguns dos diretores ou atores famosos que andavam soltos por Los Angeles. Sorte do Neymar que tinha se livrado dela...

Peguei o elevador para o meu quarto e encarei o anel no meu dedo. A noite tinha sido ótima, eu estava muito animada para gravar aquele filme, mas me coração estava apertado de saudades do Luan. Eu precisava dar um jeito de falar com ele... Pensar nisso me fez lembrar que a Monique disse que ia dar um jeito de ligar para ele e se esqueceu completamente. E o pior de tudo era que eu também havia esquecido de ligar com todo aquele lance de escolher roupa para a festa.

Droga! Eu era um péssimo exemplo de namorada-barra-quase-esposa!

Praticamente corri até o meu quarto. Tentei usar o telefone, mas ele ainda estava com aquela frescura  de não receber e nem fazer ligações que não fossem internas. Bom, mesmo que o problema já estivesse resolvido, eu não lembrava o número do Lú de cor, então aquilo não resolveria o meu problema.

Parei para pensar por um minuto. Andei de um lado para o outro no quarto até que praticamente tropecei no meu notebook que eu havia deixado jogado de qualquer jeito no chão dos meus aposentos.

Mais do rápido dei um jeito de conectá-lo a internet usando o Wi-fi do hotel. Corri acessar o meu e-mail. Como eu poderia ter me esquecido de usar a web para me conectar com o Brasil?

Fiz o login e já de cara vi que tinha duas novas mensagens. Uma era da Rafa. A outra do Luan. Abri a do
Lú primeiro:

“Ní,
Espero que esteja tudo bem com você aí em Los Angeles.
Pedi para você me ligar quando chegasse, mas pelo jeito você estava muito ocupada, né?
Quando arrumar um tempinho vê se lembra de mim, tá?”

Mas do que o Luan estava falando? Como assim eu andava ocupada? Por que ele havia escrito uma mensagem tão grossa como aquela? Ainda sem entender o primeiro e-mail eu parti para o seguinte.

“Gata garota,
Me conta uma coisa: Como você consegue se meter em confusão fazendo menos de 24 horas que está em Los Angeles?
Estou tentando falar com você faz horas! O que aconteceu com o seu celular e com o telefone do hotel?
Enfim, eu preciso que você veja esse link. Assim que ler essa notícia, dê um jeito de me ligar. Mande sinal de fumaça, se necessário!
E juízo, mocinha!
Beijo da Rafinha”.

Cliquei no link que a minha empresária havia me passado na mensagem e quase tive um colapso. Era uma notícia de um site de fofocas famoso nos Estados Unidos que dizia:

“Robert Pattison já superou o trauma de traição
Ator foi visto no “maior clima” com a atriz brasileira Anita Tunice, com quem irá gravar o seu próximo filme. Pattison tem a fama de se apaixonar pelas colegas de elenco. Será que ele está pretendendo incluir a Anita na sua lista de paixões que começaram no trabalho? A atriz, que está em um relacionamento enrolado com um cantor brasileiro, parecia bem disposta a entrar para o seleto hall de namoradas do britânico”.

Na sequência o site havia publicado uma foto minha ao lado do Robert durante a festa que havia acontecido naquela noite. Para quem olhava realmente parecia que estava rolando algo entre nós. Mal sabiam ele que passamos a noite toda falando da Kristen e do Luan e de como era difícil manter um relacionamento, principalmente quando você é famoso!

Sentei na cama completamente perdida com a notícia. E agora, como eu iria explicar toda aquela bagunça para o Lú? E como aquela foto tinha chegado até aquele site? O evento era fechado, não tinha ninguém da imprensa registrando o evento?

Fala sério, como eu conseguia me meter em tanta confusão mesmo não fazendo nada para participar delas?
Fechei os olhos tentando raciocinar com mais calma e encontrar as respostas para todas aquelas perguntas.

Só de pensar na única explicação para aquele rolo todo eu já ficava arrepiada.

Será que tudo que estava acontecendo era mesmo culpa da tal maldição que o André tinha me falado? E se fosse, como eu iria fazer para quebrar aquela maré de azar?

(*) 
Notas finais: Na boa, TÔ SURTANDO DEMAIS AQUI!Só digo uma coisa: Muita tempestade vem pela frente. Mas, não desanimem! Depois sempre temos um lindo dia de sol!
E aí? Empolgadas para a terceira temporada?
Eu tô pirando aqui!
E vamo que vamo, moçada, porque um ano é só o começo de tudo!
Beijo grande meninas! 
P.S: E não esqueçam de deixar o seu "pitaco". É só clicar em Comentar ali embaixo e ser feliz!

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*** Quer ler o próximo capítulo? Clique aqui

2 comentários:

  1. Ahhh fala sério! Eu acho que essa maldição é verdade mesmo viu? Fala serio ela mal chegou já ta encrencada, só Deus pra segurar essa menina viu? Deixa eu parar de le senão vou me atrasar pra escola #PartiuEscola :'(

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    1. Vai pra escola, menina! hahahaha Estuda direitinho, depois você lê!

      A Any já é zicada naturalmente, com maldição então... Prevejo muitos problemas nessa terceira temporada! hahaha

      Realmente, é só Deus na vida dessa menina! hahah

      Beijão Mille! A gente vai se falando!

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!