domingo, 14 de outubro de 2012

Capítulo 4 - Lar, doce lar

Notas iniciais do capítulo:

Capítulo é Presente de Dia das Crianças pra vocês! Então aproveitem ele bastante ;)
.
E não querendo abusar, mas já abusando, vamos fazer aquela propaganda básica!
Quem for fã dos livros da saga Percy Jackson, leiam minhas fic's: http://fanfiction.com.br/u/179587/ =D
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Sai correndo do hotel. Eu precisava dar uma volta, tomar um ar, espairecer um pouco as ideias senão eu ficaria louca. Eram muitas emoções para uma Anita só. A cada minuto que passava eu passava a acreditar ainda mais que a maldição do pedido de casamento existia mesmo. Aquela era a única explicação para tudo de errado que estava acontecendo na minha vida.

Corri os olhos pelas ruas do centro de Los Angeles. Eu precisava de uma farmácia para comprar os remédios que a Rafa deveria tomar. O médico tinha acabado de examiná-la e deixar o meu quarto de hotel com más notícias. O estresse causado pela discussão com a Monique não tinha feito bem ao bebê. Naqueles últimos tempos a Rafa tinha conseguido manter a gestação em “ordem”, mas o nervoso que ela tinha passado causou algum problema e a minha empresária voltou a ter dificuldades para “segurar” o bebê no útero. Agora ela precisava de repouso absoluto, além de estar proibida de se aborrecer com qualquer tipo de situação.

Eu havia ligado para o Murilo para atualizá-lo dos fatos antes de descer para buscar os remédios. Acabei me enrolando para explicar o porquê a Rafa precisava de tantos cuidados especiais e quando dei por mim já tinha revelado toda a verdade sobre a gravidez de risco. O marido da minha empresária simplesmente surtou por não ter sido informado sobre os problemas que ela vinha enfrentando na gestação.

– Anita, como assim a Rafa e o meu filho não estão bem? Por que ninguém me contou nada? – Ele começou a chorar no telefone me deixando ainda mais desesperada.

– Murilo, calma! A Rafinha não te disse nada porque ela não queria te preocupar agora que você está ocupado com a novela. Fica tranquilo, vai dar tudo certo – Foi só o que eu consegui dizer. Eu era péssima em consolar as pessoas. Geralmente era eu quem era consolada... Era estranho estar do outro lado da situação.

– Mas como nós vamos fazer? Eu nem tenho como ir para Los Angeles encontrar com vocês. O meu passaporte está vencido e eu não conseguiria renová-lo a tempo! Meu Deus Anita, e agora? – O Murilo conseguiu dizer entre os soluços do seu choro. Com certeza ele estava muito desesperado e estava conseguindo me deixar no mesmo estado.

– Calma, homem! Eu vou dar um jeito, tá? Confia em mim! Beijo, depois te mando notícias – Desliguei o telefone de uma vez sem dar espaço para mais drama. Eu precisava cuidar da Rafa do mesmo jeito que ela sempre tinha cuidado de mim.

Lembrar da preocupação do Murilo me trouxe de volta ao presente. Eu precisava encontrar aqueles remédios logo e correr para o hotel. Não seria bom deixar a Rafa sozinha por muito tempo.

Estava pensando nisso quando alguém que caminhava pela rua no sentido contrário trombou em mim. A força do encontrão fez eu me desequilibrar e derrubar a minha bolsa no chão. O resultado foi boa parte dos meus pertences espalhados pela calçada.

– Droga, só me faltava essa – Exclamei nervosa em português enquanto me abaixava para recolher as minhas coisas. O bom de estar em Los Angeles é que você pode xingar os gringos à vontade, já que a maioria deles não entende a nossa língua.

– Nossa, desculpe o esbarrão! Foi culpa minha – Ouvi a pessoa que esbarrou em mim dizer também em português. Levantei os olhos surpresa para encarar a garota que estava na minha frente.

– Você entende o português? – Perguntei na cara de pau.

– Claro! Ou você acha que é a única brasileira em Los Angeles, hein Anita Tunice? – Ela me retrucou enquanto também se abaixava e pegava o restante dos meus pertences que haviam caído.

– Hãã... Nunca tinha parado para pensar nisso, mas faz sentido! Deve ter mesmo muitos brasileiros que trabalham por aqui – Avaliei enquanto voltava a ficar em pé. Ao nosso redor as pessoas caminhavam apressadas pelas ruas sem nos dar muita atenção.

– Não, você não é a única! Também sou brasileira e assim como você também vivo me metendo em confusões! Por favor, me perdoe a bagunça que causei com o esbarrão. Se eu puder fazer algo para te ajudar... – Parei para olhar bem a garota que estava na minha frente: Magra, baixa, cabelos pretos bem encaracolados, olhos escuros, pele alva... Ela parecia uma pequena “fada” disfarçada de gente. Não sei o porquê, mas eu simpatizei de cara com ela.

– Bom, se você souber onde eu encontro uma farmácia e como faço para administrar a gravação de um filme, uma gravidez de risco, um marido desesperado no Brasil e um namorado-barra-praticamente-marido que está querendo terminar comigo, então você realmente pode me ajudar – Joguei todos os meus problemas de uma vez em cima dela.

– Nossa, quanta coisa! – Ela riu, o que fez os seus cabelos balançarem de um jeito engraçado – Imagino que o seu, como é? Namorado-barra-praticamente-marido é o Luan Santana, né? E que ele está com ciúmes por causa das últimas notícias que soltaram sobre você na mídia... Bom, também não é para menos! Você é muito lerda, né? Como me deixa a janela do MSN aberta daquele jeito?

Fala sério, eu estava levando uma bronca de uma completa desconhecida que tinha acabado de encontrar no meio da rua. Definitivamente eu não estava valendo mais nada!

– E como eu ia saber que alguém ia mandar a minha conversa para a imprensa? – Defendi o meu ponto de vista.

– Nossa, mas está na cara que é alguém da sua equipe que está fazendo isso! – Ela falou com uma expressão no rosto que dizia “Tão óbvio quanto dois mais dois são quatro”.

– Tá, mas isso não interessa mais! Esse caso eu já resolvi – Falei nervosa – Preciso focar nos outros problemas agora!

– Mas isso é fácil! Você só precisa de uma pessoa que cuide da sua agenda e te mantenha na linha enquanto toma conta da grávida e acalma o marido desesperado? – Ouvi a garota dizer em um tom tranquilo como se aquilo fosse a coisa mais simples do mundo.

– Ahãn, e onde eu encontro essa pessoa maravilhosa capaz de fazer tudo isso? – Questionei irônica.

– Acabou de encontrar! Prazer, Maria Luiza. Mas pode me chamar de Malú – Ela sorriu para mim confiante me estendo uma de suas mãos para eu cumprimentá-la.

– Você tá brincando, né? – Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. O Malú deveria ser abreviação de maluca, isso sim.

– Não, eu não estou brincando. Acabo de ser dispensada dos meus três empregos onde eu trabalhava. Você deu sorte de me encontrar livre hoje – Ela se explicou.

– Três empregos? – Certo, aquilo só poderia ser uma pegadinha. Olhei em volta procurando as câmeras e fiquei esperando alguém pular na minha frente e gritar “Rá, te peguei!”.

– Isso. Eu era assessora de um político aqui na cidade e organizava todos os seus compromissos e reuniões, o ajudava a se vestir, garantia que ele teria carro para ir e voltar dos eventos e ainda o lembrava do dia do seu Aniversário de Casamento. Aos finais de semana eu era babá de dois garotos que eram terríveis e nas horas vagas eu era atendente em um 0800 aqui da cidade que ajuda as pessoas a enfrentarem momentos difíceis. Sabe, tipo uma sessão de auto-ajuda por telefone? – A Malú me detalhou toda a sua rotina de trabalho. Com aquela agenda lotada era de se imaginar o porquê a coitada andava trombando com as pessoas na rua.

– Bom, você fazia um pouquinho de cada coisa que eu preciso. Tem experiência para cuidar da minha agenda, tem jeito para ser babá da Rafa e vai ter paciência para suportar os chiliques do Murilo. Mas como eu vou saber se posso confiar em você? – Eu tinha todos os motivos do mundo para desconfiar das pessoas.

– Bom, isso você vai ter que pagar para ver! Mas, se eu quisesse te fazer mal, eu não teria colocado o roteiro do filme de volta na sua bolsa. Eu teria o pegado e vendido para o primeiro site de fofocas que pagasse um bom dinheiro por ele – A Malú disse apontando para a minha bolsa que eu havia colocado de qualquer jeito no ombro.

Certo, eu teria que concordar. Aquele era um bom argumento. Além disso, eu não tinha muitas opções. Era confiar ou confiar. O lado bom de sofrer com uma maldição era que pior do que estava não poderia ficar. Como eu não tinha mais nada a perder, resolvi arriscar.

– Dona Maria Luiza, você me convenceu! A vaga de secretária da Anita, babá da Rafa e conselheira-oficial do Murilo é sua! Você começa hoje mesmo! – Declarei animada.

– Ahhh, que perfeito! Anita, pode contar comigo: Eu lavo, passo, cozinho, baixo filmes na internet, atualizo o Twitter e posto fotos no Facebook – Ela me respondeu pulando de felicidade. Literalmente. 
– Mas, e o seu namorado-barra-praticamente-marido? O que você vai fazer com ele?

– Isso nem eu sei ainda, Maria Luiza! Nem eu sei... Mas eu vou encontrar uma solução. Você já ouviu falar que depois da tempestade sempre vem um lindo dia de sol? Já, já o tempo melhora e o céu fica azul de novo. Comigo e o Luan é assim, as coisas sempre são meio malucas, mas acabam dando certo no final – Comentei sentindo novamente um aperto dentro do peito. Eu já estava morrendo de saudades o Lú e muito preocupada com o jeito que ele estava me tratando.

– Belas palavras, dona Santana – A Malú brincou.

– Faz um favor? Não me chame mais assim, ok? – Encarei a minha mais nova secretária com uma expressão muito séria.

– Só se você não me chamar mais de Maria – Ela retrucou.

– Fechado! Any, ok? – Sugeri enquanto esticava uma das mãos para ela como alguém que propõe um acordo.

– Malú – Ela retribuiu o meu gesto e nós apertamos forte a mão uma da outra.

– Perfeito Malú, mas agora vamos! Temos um remédio para comprar e uma grávida para cuidar. A Rafinha vai pirar quando te conhecer... - Falei enquanto começávamos a caminhar lado a lado pela rua. Silenciosamente desejei que aquele fosse o início de uma caminhada bem sucedida.

***

Dois meses depois

Nota mental: Nunca mais aceitar o papel de uma stripper em um filme.

Repeti a frase para mim mesma ao sair do estúdio após o último dia de gravações. Eu sentia o meu corpo inteiro doer como se um trator tivesse passado sobre mim. Mas, mesmo com o mal-estar, eu estava muito feliz com o resultado. O filme seria sucesso, com certeza.

Segui junto com o Rob para o hotel. Ele queria se despedir da Rafinha e da Malú antes de voltar para Londres. Era incrível como ele e a minha secretária tinham ficado amigos nos últimos meses. A Malú foi uma ótima amiga para o Rob o ajudando a superar o trauma da traição. A minha secretária tinha uma teoria que dizia: Quanto mais você falar sobre o assunto, menos dolorido ele se torna. Desconfio que a Maria Luiza tenha ficado muitas horas ouvindo o Rob chorar as suas “pitangas” para que o trauma doesse menos nele.

Fora isso, o Rob também adorava cantar e tocar violão para acalmar a Rafa. Pouco sortuda ela, né?

De qualquer forma, a estratégia deu certo. O bebê resolveu “sossegar” e não ameaçou mais nascer antes do tempo. Mesmo assim o médico não liberou a volta da Rafa pqra o Brasil e continuou acompanhando o caso dela de perto.

A notícia não agradou nem um pouco o Murilo. Com o visto e o passaporte vencidos, ele ficava de mãos atadas no Brasil sem poder ver a sua esposa. Para saber das notícias ele telefonava todas as vezes que tinha uma folga nas gravações. Coitada da Rafa que tinha que passar horas ao telefone com o marido repetindo a todo instante que ela e o bebê estavam bem.

Porém, se a situação da Rafa com o Murilo estava menos tensa, a minha com o Luan estava mais fria que noite de inverno no Polo Norte. Ele estava chateado comigo por causa das últimas fofocas sobre nós que andaram circulando na mídia e que fizeram ele ficar com a fama de “Mais corno que o Tufão”. E por conta das gravações, do fuso-horário, da agenda de compromissos do Luan e de todos os cuidados que a gravidez da Rafa exigia, eu acabei ficando sem tempo de conversar com ele naqueles últimos meses.

Para falar bem a verdade, já fazia algumas semanas que nós só trocávamos e-mails para perguntar como o outro estava. Claro que essa situação não me agradava nenhum pouco. Eu me sentia completamente aflita com aquele rolo. Na minha cabeça tudo já estava perdido. A tal maldição realmente existia e eu pagaria durante sete anos por ter dito não sim ao pedido de casamento do Luan.

Se pelo menos eu pudesse voltar no tempo e aceitar a proposta de me casar com ele...

Por sorte (algo que andava meio raro na minha vida), as gravações em Los Angeles tinham acabado uma semana antes do previsto. E naquelas alturas tudo já deveria estar pronto para que nós pudéssemos embarcar para o Brasil assim que eu estivesse liberada pela produção do filme. Eu já estava contando os minutos para chegar no meu país e poder conversar com o Luan de uma vez. Eu queria ter a chance de explicar tudo o quê estava acontecendo e tentar convencê-lo a não terminar comigo.

– E aí pessoal, todo mundo pronto para voltar? – Perguntei animada enquanto abria a porta do quarto com o Rob ao meu lado.

– Tudo pronto, chefinha! Nosso avião sai daqui a três horas. Você tem exatamente 20 minutos para tomar banho e se trocar e quinze minutos para se despedir do Robert. O carro que vai nos levar para o aeroporto já está a postos – A Malú correu até ao meu lado para me atualizar das últimas informações. Às vezes eu me surpreendia com a eficiência da minha nova secretária. Era incrível como ela estava dando conta do trabalho! Tudo bem que ela parecia ser meio maluquinha, mas ninguém era perfeito, né?

– Meninas, vim até aqui apenas me despedir de vocês! Muito obrigado pela companhia e por toda ajuda que vocês me deram – O Rob começou a discursar com o seu sotaque britânico – Especialmente você, Malú. Você foi uma amiga e tanto! – O ator abraçou a minha secretária carinhosamente. Carinhosamente até demais para o meu gosto. Será que eu tinha perdido alguma coisa? Bom, isso explicava todo o interesse do Rob pela minha equipe...

– Rafinha, tome conta desse “baby”, hein! Quero ser comunicado quando ele nascer. Adoro crianças – Ele disse em seguida caminhando até a minha empresária que estava sentada no sofá perto da janela.

– Pode deixar, Rob! Te mantenho informado! E te espero no Brasil para nos fazer uma visita! Você vai amar Londrina, a cidade tem algumas coisas parerecidas com Londres – A Rafa respondeu com o seu típico jeito simpática de ser.

– Com certeza vou aparecer! Any, se cuida! Espero que fique tudo bem com essa história de maldição... – Ele se virou para mim e também me abraçou.

– Também espero que fique tudo bem com você! Se cuida e se precisar de ajuda é só gritar! Mesmo lá do outro lado do mundo a gente sempre pode dar uma mãozinha – Falei sendo sincera. Eu gostava do Rob. Ele havia sido um amigo e tanto durante aquele período de filmagem.

– Até mais meninas! Bom retorno ao Brasil! – O Rob nos desejou enquanto ia fechando a porta atrás de si.

– Vinte minutos para tomar banho e se trocar valendo a partir de agora, Anita - A Malú passou a me acelerar assim que o Rob deixou o quarto.

– Pô, fala sério, hein! Essa Malú é um tormento na minha vida! – Reclamei fazendo birra.

– Ah é? Você prefere a Monique, gata garota? – A Rafa zombou de mim.

– Não, tudo menos aquela “QueroSerFamosa.com.br”. Tá certo, já tô indo pro banho – Exclamei deixando o quarto e correndo para o banheiro ouvindo as duas rirem atrás de mim.

***
A viagem dos Estados Unidos para o Brasil foi tranquila. No começo ficamos com um pouco medo de a Rafa não se sentir bem, mas no final deu tudo certo. A minha empresária nem precisou tomar os remédios de emergência que o médico havia recomendado caso algo desse errado durante a viagem.


Difícil mesmo foi aguentar a Malú durante o voo. Fazia muito tempo que ela havia deixado o Brasil para estudar Fotografia no exterior. Ela acabou ficando sem dinheiro para voltar e ficou nos Estados Unidos fazendo vários “bicos”. Quando eu anunciei que ela voltaria para o Brasil com a gente ela deu pulos de alegria. Literalmente.

Eu, como sempre, fiquei enjoada a viagem inteira. Eu odiava aviões. E a comida que eles serviam a bordo não contribuía em nada para que eu mudasse a minha opinião.

Pousamos algumas horas depois no Rio de Janeiro. De lá eu embarcaria no meu jatinho particular, o Black Jack, e seguiria para Londrina. A Rafa iria de carro se encontrar com o seu marido. Para não deixar a minha empresária sozinha, pedi que a Malú a acompanhasse.

– Gata garota, você tem certeza que vai ficar bem? Não gosto de te deixar sozinha, mas eu preciso ir me encontrar com o Murilo. Ele ainda não engoliu a história de eu não ter contado sobre o risco da minha gravidez. Ele anda meio “de cara” comigo... Preciso dar um jeito de fazer as pazes com o meu marido! – A minha secretária me disse enquanto segurava uma das minhas mãos e me encarava carinhosamente.

– Tá tudo bem, Rafinha. Pode ir tranquila! Você não é a única que precisa fazer as pazes com alguém... – Respondi meio misteriosa.

– O Luan já sabe que você voltou? – A Malú se meteu na conversa.

– Não. Queria chegar primeiro, respirar, pensar no que eu vou fazer e aí ir até onde ele está fazendo show e encontrá-lo de surpresa – Revelei os meus planos.

– Então hoje você vai ficar sozinha na “Toca”? – A Rafa quis saber.

– Sim. Quer dizer, estou meio por fora da agenda dele, mas acho que ele não está no Paraná hoje – Comentei.

– Boa sorte, Any! Tentarei voltar o mais rápido que eu puder – A Rafa piscou para mim, confiante.

– Combinado. E cuida bem do nosso bebê! Nada de querer sair daí de dentro antes do combinado, ouviu? – Falei enquanto acariciava a barriga da Rafa. Eu não gostava muito de crianças, mas já sentia um sentimento muito especial por aquela.

As duas se despediram de mim e seguiram até o ponto de táxi. O Murilo estava hospedado no meu apartamento que ficava na Barra da Tijuca. Se o trânsito estivesse bom elas logo estariam em casa.
Caminhei até a pista de pouso e decolagem onde o meu piloto, o Gavião, me esperava. Claro que com aquele nome ele só poderia ser torcedor do Corinthians.

– Bem-vinda de volta, Anita. Pronta para seguir viagem? – Ele me recepcionou com um sorriso no rosto.

– Sim, já podemos decolar. Tudo o que eu quero é chegar logo em casa – Disse enquanto entrava no Black Jack.

Menos de uma hora depois eu já estava no Paraná. Fui surpreendida por um motorista que estava me esperando para me levar para casa.

– Dona Rafaela pediu para te mandar lembranças – O rapaz disse a me ver. Claro que aquilo só poderia ser coisa da Rafa. Sempre cuidando de mim...

Cheguei em casa e me joguei na minha cama. Eu estava com uma saudade imensa da “Toca”. Fiquei um tempo ali, no silêncio, com a casa toda fechada e apagada só me lembrando dos momentos felizes que passei ao lado do Luan ali. Será que ele iria querer dividir um lar comigo depois da última notícia sobre o Playboy? O Fiuk era um verdadeiro “calo” na nossa relação. O Lú morria de ciúmes do Fê porque foi com ele que eu quase fiquei quando o meu “Caipira” terminou comigo.

Levantei e passei a caminhar pelos cômodos da casa curtindo cada “pedacinho” dela. Vi os prêmios que o Luan havia ganhado na estante da sala, o seu violão largado de qualquer jeito no sofá, a sua xícara predileta na cozinha, as nossas fotos nos portas-retrato.

A única coisa que eu conseguia pensar era que eu não poderia mais viver sem o Luan. Eu sabia que o amava, mas agora eu estava descobrindo um sentimento diferente. Eu precisei passar por tudo aquilo para entender que viver ao lado de alguém não era perder a liberdade ou passar a ser submissa ao seu marido. O casamento na verdade era a consolidação do amor: Era somar, era viver melhor, era assumir que se vive para outra pessoa.

O Lú, sempre muito mais maduro do que eu, já sabia disso. Como que eu havia demorado tanto para entender aquilo?

Puxei uma cadeira na cozinha e me sentei completamente desanimada. Eu sentia que tinha compreendido tudo aquilo no momento errado e que poderia ser tarde demais para voltar atrás. Olhei pela porta da cozinha. A noite caía lá fora e a lua cheia subia no céu.

Senti meu coração apertado. Queria muito ter o Lú ao meu lado naquele momento...

De repente ouvi um barulho vindo da sala. Imediatamente fiquei apreensiva. Quem seria? Ninguém sabia que eu estava de volta. Corri para o corredor e procurei um lugar para me esconder. Era melhor investigar antes de revelar que eu estava por ali.
***

Ponto de vista do Luan – Alguns minutos antes

*** Link para a músicahttps://www.youtube.com/watch?v=Ilxuj8u3VW4 ***

“Você me dá um beijo
Me pede pra esperar
Entra pro seu banho
Diz que já vem se deitar”
 Eita que essa música dá uma vontade danada de fazer amor, rapáiz – Exclamei enquanto aumentava ainda mais o volume do rádio do “Jabuticaba”., o meu carro. Dei sorte de terem adiado a gravação de um programa do qual eu ia participar e acabei tirando o dia de folga. Como estava de bobeira na casa dos meus pais, resolvi pegar o carro e ir até a “Toca” para buscar o meu violão que eu havia deixado lá.

Baixei a capota do carro e fiquei olhando a lua que nascia no céu. Aquele visual lindo, aquela música, tudo me lembrava a Anita. Eu estava com uma saudade tremenda dela, mas já fazia um tempo que a gente mal conseguia se falar direito.

Tá certo que eu andava meio “brabo” desde que fiquei sabendo que ela e aquele “Playboyzinho” andavam se falando pela internet. Eu não ia com a cara daquele “rapáiz”. Principalmente porque eu achava que uma “Granfina” como o Ní combinava muito mais com um “mauricinho” feito o Fiuk do que com um “Caipira” feito eu. Eu não gostava de admitir, mas eu sentia medo que ela me trocasse por ele. Aqueles tais cantores de “rock” faziam um sucesso danado com a “mulherada”.

Mas, ao mesmo tempo que eu estava “brabo” com ela, eu também estava confuso. Será mesmo que a Ní andava planejando dividir o palco comigo na gravação do meu próximo DVD? Seria lindo “dimais” ouvi-la cantar “Química do Amor”...

Ri sozinho enquanto dirigia. A Anita tinha aquele poder de me deixar completamente maluco. Ao mesmo tempo que eu estava “de cara” com ela eu também desejava muito vê-la de novo, ouvi-la cantar, sentir a minha “muié” nos meus braços.

Eu nunca ia conseguir entender o que era aquilo que rolava entre a gente. Era mais que amor. A Ní tinha algo que me atraía para ela. Tá certo que ela era muito mimada e só gostava das coisas do seu jeito. No fundo eu sabia que ela não passava de uma “menininha assustada” que usava o seu jeito “descolado” para se defender.

A Anita já tinha passado por muita coisa naquela vida. Ela trabalhava desde muito cedo, nunca conheceu o pai, tinha uma mãe que sempre estava ocupada, e ainda tinha o ex-namorado e o irmão que ela confiava e que a haviam traído. Sem contar o assédio dos paparazzi’s que não a deixavam em paz por conta da sua fama. Só quem convivia com ela sabia dessa parte da sua vida. A Ní quase nunca deixava alguém perceber aquelas suas fraquezas. Olhando por aquele lado era fácil entender porque ela se defendia tanto de todo mundo. Eu entendia a Anita muito melhor do que ela mesmo se entendia...

– Mas bem que ela poderia parar de se defender de mim também, né rapáiz – Exclamei alto enquanto fazia a curva e estacionava o carro na garagem da “Toca”. A nossa casa ficava no mesmo condomínio onde meus pais moravam, e ficava a menos de dez minutos do local onde a minha família ficava.

Ganhar a confiança da Anita era algo complicado. Eu tinha penado muito para chegar até onde eu cheguei. Mas eu não estava disposto a abrir mão da minha “Granfina”. Quando estávamos juntos todas as aquelas confusões não significavam nada para a gente.

Mas de qualquer jeito, quando ela voltasse para o Brasil, nós iríamos conversar muito sério. A gente ia ter que dar um jeito de resolver aquele problema dos boatos que andavam rolando na mídia. Não dava mais para eu ficar levando fama de corno por aí, não!

Sai do carro e caminhei até a porta de entrada. Coloquei a chave na fechadura, mas a porta já estava aberta.

– Ai, ai, ai... Tem coisa errada aí – Falei alto. Será que alguém havia invadido a casa?

Respirei fundo e resolvi entrar. Fui andando de “fininho”, sem acender a luz para ver se encontrava algo de diferente.

Passei pela sala. Ali tudo estava tranquilo. O meu violão ainda estava no sofá onde eu o havia deixado. Continuei andando em direção a cozinha. Um pequeno corredor, onde ficava um lavabo, separava os dois cômodos. Estava escuro, somente a luz da lua que entrava pelas janelas de vidro iluminavam o meu caminho.

Entrei no pequeno corredor e parei na frente da porta do lavabo que estava entreaberta. Alguém poderia estar escondido ali.

Fiquei parado por um momento decidindo o que fazer. Eu poderia voltar e pedir ajuda para os seguranças do condomínio. Também poderia chamar a polícia. Ou simplesmente poderia ir embora e voltar outro dia.

– Que isso, Luan, você é homem ou não é? – Repeti “baixinho” para mim mesmo. Respirei fundo, me enchi de coragem e empurrei a porta do pequeno banheiro com tudo, fazendo um barulho enorme.

– AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH – Ouvi um grito vindo lá de dentro.

– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH – Não me aguentei e gritei também com o susto que levei. Mais que depressa eu voltei para a sala e meio de qualquer jeito apertei o interruptor, fazendo todas as luzes se ascenderem.

– Anita?

– Luan?

Eita trem que agora tudo tinha ido pro pau de vez...

(*)
Notas finais do capítulo:
Mais um aviso para vocês: O próximo será o capítulo 'hot' da fic! Só pra deixar vocês ansiosas kkkkk 
_________________ 
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6 comentários:

  1. Minha linda que capítulo perfeitoo meu deus !!!
    ri muito com aparte de luan escutando cheiro de champú no carro.. eu queria estar do lado dele nessa hora kkkkkkkkkkk...
    gente não faz isso manu agora to doida pra ler o próximo cap..(nada safada eu kkk)

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    1. Ahhh Mari, safadinha você, né?! Querendo estar ao lado do Lú quando ele escuta cheiro de Shampoo! kkk (Bom, acho que até eu iria querer estar ao lado dele!).
      Cap terminou cheio de emoções, né? E o próximo será mais que caprichado! Espera só pra ver!
      Nega, obrigada por comentar! Beijo grande!

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  2. Que bom que a Rafa ficou bem e que benção de menina é essa Malu? Chegou na hora certa! A Anita queria ficar sozinha pra pensar e acabou foi levando um susto, não parece que o Luan ta muito bravo! Com certeza ele ta mais a Anita não tinha que ficar tao desesperada o Luan ainda ta em um clima bom pra conversa. Eu achei mega fofo o que ele falou dela voltando pra "toca" kkkkk

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  3. E eu esquecendo minha hashtag #PartiuContinuação kkkkkk só eu mesmo meu pai eterno kkkk

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    1. Malú era tudo o que essa Trupe estava precisando! E graças a Deus que a Rafa ficou bem. Mágina se acontece algo com a nossa gata garota? Já vou até bater na madeira.

      Esse reencontro dos dois é muito engraçado. Luan curtindo uma sofrência, Anita querendo ficar sozinha e, de repente, PÁ! O reencontro! E eu amoooo esse reencontro! Uma das minhas partes prediletas.

      Ahh, fico lendo esses comentários e surtando aqui. Dá uma saudadeee dessa Trupe!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!